Parece incrível o estado a que os transportes públicos chegaram em Portugal. É inacreditável, mesmo, diria até! Empresas falidas, mal geridas, gestores impunes e milionários, um péssimo serviço ao cidadão e títulos de viagem cada vez mais caros e sem uma lógica de utilização. O cidadão, esse, sofre, como sempre, com greves atrás de greves, carreiras suprimidas, horários cada vez mais curtos e uma ausência de estratégia de «bradar aos céus».
Os transportes públicos nacionais estão hoje falidos e ultrapassados
A lógica governativa do «não dá lucro, fecha» esbarra numa outra ainda menos lógica – a do «dá lucro, vende» -, espelhada na ânsia do Governo em alienar a TAP, após ter feito o mesmo com a ANA ou os CTT, só para citar alguns. Na verdade, assiste-se a uma lógica híbrida no sector dos transportes públicos de passageiros, nem pública, nem privada, mas totalmente sem rumo, sem rei e sem roque. A lógica do utilizador-pagador parece não resultar, pois, aos brutais aumentos nos preços dos títulos de transporte soma-se uma não menos brutal redução de clientes-utilizadores, sem verbas suficientes para sustentar tão grandes «elefantes brancos». A isto, soma-se uma sequência sem fim de ilegalidades, ilicitudes, apropriação indevida de dinheiros públicos e inúmeros actos de gestão danosa… ruinosa, diga-se mesmo.
A estratégia do Governo para os transportes públicos não é boa nem má, simplesmente não existe!
Actos com sujeito, com nome, com cargo e com cores políticas, mas que não interessa sancionar nem elencar como exemplo do que não deve nem pode ser feito com o dinheiro de todos. Já dizia Margaret Thatcher: «o dinheiro não é do Estado, é dos contribuintes.» O estado a que hoje chegou o sector dos transportes públicos, que não serve nem é servido, é deplorável. Tão mau só mesmo o estado dos seus veículos, que se arrastam, a custo, pelas fustigadas estradas do país. É o regresso à eterna questão ideológica da propriedade das infraestruturas de um país. Em teoria, o público funciona bem, em países desenvolvidos, o privado é o eleito, mas do estado híbrido não há notícia que funcione onde quer que seja. Privado de uma estratégia, e curto, médio ou mesmo longo prazo, o sector dos transportes públicos lá se vai arrastando, entre buracos tapados de um lado e de outro, numa manta demasiado curta para cobrir os pés e a cabeça.
O futuro exige alguém com um rumo para o sector dos transportes
É urgente alguém que conheça e que tenha uma verdadeira estratégia para um sector tão estratégico como o dos transportes públicos de passageiros. Pode até nem ser o rumo ideal, mas urge, pelo menos, haver um rumo, uma direcção. Nada funciona à deriva. Muito menos um transporte de passageiros…