As cervejas brasileiras têm sido alvo de críticas por conta de usarem altas percentagens de cereais não maltados. Esta é uma informação disponibilizada pelo site ZH.
Cervejas brasileiras podem conter até 45% de milho no seu processo de fabrico: mais leveza e frescura ou custos de fabrico mais baixos?
Uma pesquisa já antiga da Universidade de São Paulo, contudo actual, revela que muitas cervejas brasileiras contêm o limite de 45% de milho em substituição da cevada e instaurou a polémica: o uso de cereais não maltados deixa um sabor indesejado na boca – tanto de consumidores como de especialistas.
Os argumentos que os fabricantes desta indústria de bebidas apresentam prendem-se com o facto de tornar as cervejas brasileiras mais leves e, por conseguinte, mais refrescantes “como o brasileiro gosta”. Mas, em boa verdade, é que esta opção envolve a aplicação de ingredientes mais baratos…
Refira-se que nos rótulos das cervejas brasileiras não são indicados os cereais nem a quantidade em que são utilizados. Aqui também se instala polémica, já que não existe forma de o consumidor saber com exactidão que quase metade da sua cerveja pode ter sido processada com milho ou arroz.
Universidade de São Paulo faz testes em laboratório para comprovar o uso de cereais não maltados nas cervejas brasileiras
O estudo levado a cabo pela Universidade de São Paulo, em 2012, fez chegar a lume – e ao conhecimento geral dos consumidores – de que as cervejas brasileiras, de resto a bebida alcoólica preferida no Brasil, é aguada e pouco encorpada, completamente diferente das outras fabricadas em países com tradição cervejeira como a Alemanha ou a Bélgica.
São, portanto, as críticas dos especialistas – que nem por isso reflectem falta de qualidade – que têm vindo a encontrar eco nos consumidores. Apesar de não se poder considerar a cerveja com cereais não maltados piores que as “puro malte”, existe uma diferença enorme no produto final e os ingredientes deveriam ser detalhados para o consumidor.
A questão, segundo um consultor indicado pela Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Adalberto Viviani, é que as empresas estão adequadas à legislação do Ministério da Agricultura ao não informar os ingredientes utilizados. No entanto, estima- se que substituir malte por cerais não maltados venha a reduzir em cerca de 1% a 6% o custo de produção.
A polémica que ronda as cervejas brasileiras, não tenhamos dúvidas, envolvem um simples motivo: a utilização de determinados cereais não maltados tem o único objectivo de tornar a produção bem mais barata – o que leva o consumidor a pensar que produtos menos nobres são usados na produção das cervejas brasileiras. E não é o consumidor que faz os mercados?
Nova legislação vai sair em 2015 e sabe-se já que o novo regulamento impede o aumento de 45% para 50% na quantidade de cereais não maltados nas cervejas brasileiras. Ademais, serão permitidos ingredientes usados para conferir mais sabor à bebida – como mel, cacau e pimenta.