A necessidade de movimento é inerente à condição humana. Todos precisamos em dado momento de nos deslocarmos do ponto A para o ponto B seja por que motivo for. Umas vezes por lazer, outras por trabalho ou até, simplesmente, para efectuarmos o transporte de mercadorias temos que recorrer aos mais variados meios de transporte. Por terra, mar ou ar.
Cada um destes três grandes grupos tem as suas características próprias que conferem as suas vantagens e desvantagens que deverão ser pesadas de acordo com o objectivo. No entanto, de todas, poucas contêm o fascínio do transporte ferroviário.
Quem na sua infância não passou horas perdidas a montar pistas de comboios no chão da sala e deitou-se a olhar o comboio andar em círculos infinitos pela pista?
Partindo do conceito dos vagões utilizados na exploração mineira, o transporte ferroviário foi evoluindo até ao transporte de pessoas e de maiores quantidades e tamanhos de mercadoria até aos dias de hoje. O comboio emergiu na Europa no século XIX, sobretudo em Inglaterra.
Após o invento da máquina a vapor e da revolução industrial foi necessário evoluir o sistema de transportes. Para que a economia crescesse e com o aumento da produção foi necessário garantir uma maior capacidade de distribuição.
Os primeiros comboios eram movimentados a vapor através da queima de carvão e constituíram um importante impulsionador económico e social na movimentação de matérias primas, produtos acabados e pessoas.
O comboio desempenhou também um papel importante na colonização dos Estados Unidos da América e durante as grandes guerras pois servia para transportar a artilharia, soldados e mantimentos.
Em Portugal o primeiro troço de caminhos de ferro foi inaugurado no dia 28 de Outubro de 1856. Após um período agitado na história portuguesa derivado das guerras civis, surgiu a vontade e a necessidade de modernizar o país dotando-o de melhores vias de comunicação. Os inúmeros projectos contrastavam com a falta de capital para investir. Em 1844, após a formação da Companhia das Obras Públicas em Portugal, foi proposto a ligação de Lisboa a Espanha por via ferroviária, mas só 12 anos depois seria inaugurado o primeiro troço entre Lisboa e o Carregado.
De facto, o comboio era um meio com grande capacidade de transporte e que permitia que o mesmo fosse mais barato, mas as locomotivas a vapor obrigavam a uma manutenção dispendiosa. Assim, ainda no século XIX surge a locomotiva eléctrica. Este avanço foi verdadeiramente significativo tanto em termos económicos como ambientais.
No século seguinte surgem novas revoluções neste meio de transporte com a introdução do comboio de alta velocidade em França e do comboio movido por electromagnetismo no Japão. Para se ter uma ideia do boom que este meio de transporte teve entre o século XIX e o século XX, é necessário referir que em meados de 1850 havia cerca de 32.000km de linha ferroviária e cerca de 100 anos depois esse número já ascendia aos 1.260.000km.